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Plano de aula de Brasil Republicano: República das Espadas

História

Original Teachy

'EF09HI01'

Brasil Republicano: República das Espadas

Introdução

Relevância do tema

A análise do período da República das Espadas é fundamental para compreender o estabelecimento das bases do sistema republicano no Brasil e os desafios enfrentados pela jovem república em sua consolidação. A designação 'República das Espadas' remete ao governo dos militares Marechal Deodoro da Fonseca e Marechal Floriano Peixoto, figuras centrais na proclamação da República e na sustentação dos primeiros anos deste regime. Este tema permite uma reflexão crítica sobre como as práticas políticas, alianças e conflitos daquele momento influenciaram os rumos políticos e sociais do país, bem como a própria relação entre as Forças Armadas e o poder civil. Nesse contexto, a República das Espadas é uma expressão da tensão entre a teoria democrático-republicana e a prática autoritária, um cenário que se repetiria em outros momentos da história brasileira.

Contextualização

Enquadrando-se no módulo de História do Brasil Republicano, o tema 'República das Espadas' constitui um elo entre a monarquia deposta e os subsequentes períodos republicanos, marcados pela alternância do poder entre as oligarquias regionais. A transição do Segundo Reinado para a República não se deu de maneira linear e pacífica, mas sim através de um golpe militar e posteriores revoluções e contrarrevoluções que delinearam o perfil do Estado republicano. Este tema está situado em um contexto mais amplo de transformações políticas, econômicas e sociais que marcaram o final do século XIX e o início do século XX, incluindo a questão da abolição da escravatura, a imigração europeia, a expansão da cafeicultura e a consolidação das oligarquias como força política dominante. A compreensão deste período é crucial para o entendimento de como as estruturas de poder foram estabelecidas e como estas influenciaram o desenvolvimento das práticas políticas brasileiras.

Teoria

Exemplos e casos

Um exemplo marcante do período da República das Espadas é a Revolta da Armada (1893-1894), uma série de confrontos navais na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, entre os revoltosos liderados pelo Almirante Custódio de Melo, que contestavam o governo de Floriano Peixoto e buscavam maior autonomia para a Marinha, e as forças leais ao governo. Este episódio ilustra a instabilidade política da época, demonstrando a força que as facções militares tinham para influenciar os rumos políticos do país, e como a hierarquia militar podia ser fracturada em linhas ideológicas e políticas. A Revolta da Armada, assim como outros movimentos armados da época, revelou a tensão entre a recém-estabelecida república e os interesses de diferentes setores das forças armadas e da elite política e econômica do país.

Componentes

###O Golpe Republicano e a Ascensão de Deodoro da Fonseca

A Proclamação da República em 15 de novembro de 1889 foi um evento que redefiniu o curso político do Brasil, determinando o fim do Segundo Reinado e o início de uma nova era republicana. Liderados pelo Marechal Deodoro da Fonseca, o movimento republicano militar baseou-se na insatisfação com a política centralizadora de Dom Pedro II, o descontentamento do Exército com a subordinação à Monarquia e as pressões da elite agrária interessada em reformas políticas que favorecessem seus interesses econômicos. Deodoro da Fonseca, contrariamente a seu posicionamento inicialmente monarquista, assumiu a presidência provisória da república apoiado por um grupo de republicanos civis e militares. Sua gestão foi marcada por uma centralização do poder que culminou na dissolução da Assembleia Constituinte em 1891 e na subsequente promulgação de uma nova Constituição que lhe conferia amplos poderes.

###O Governo de Floriano Peixoto e a Consolidação da República

Floriano Peixoto, o 'Marechal de Ferro', sucedeu Deodoro da Fonseca após sua renúncia em 1891, em um contexto de crises políticas e ameaças separatistas. O governo de Floriano foi caracterizado pela repressão a levantes, como a Revolta da Armada e a Revolução Federalista no Sul. Com mão de ferro, Floriano buscou estabilizar a república recém-proclamada, ainda que isso significasse a supressão de movimentos políticos regionais e oposicionistas. Além disso, seu governo levou à consolidação do poder executivo, o que criou precedentes para a influência militar na política e para a centralização do poder que se estenderiam para além de seu governo. As ações de Floriano Peixoto, portanto, demarcaram o desenvolvimento da política e das instituições republicanas no Brasil.

###O Legado das Revoltas e Conflitos Internos

Durante a República das Espadas, o Brasil viu-se marcado por uma série de revoltas e conflitos internos revolucionários que refletiam as tensões e disputas pelo poder no nascente estado republicano. A Revolta da Armada foi apenas uma entre outras, como a Revolução Federalista (1893-1895), que eclodiu no Sul contra a centralização do governo e a Revolta de Canudos (1896-1897), que expressava a resistência sertaneja contra as transformações do estado e as injustiças sociais. Esses movimentos, reprimidos sangrentamente pelas forças governamentais, deixaram um legado de autoritarismo e mostraram a dificuldade de construir um regime republicano equilibrado e integrador em meio às profundas desigualdades e antagonismos sociais e regionais da época.

Aprofundamento do tema

A transição da Monarquia para a República, liderada por militares, levou a uma série de contradições. A própria existência de uma 'República das Espadas' reflete um paradoxo intrínseco: a manutenção da ordem e do controle governamental através da força militar e a repressão de movimentos sociais e políticos em um sistema que, teoricamente, deveria promover a democracia e a participação popular. O período de 1889 a 1894, portanto, foi caracterizado por uma dinâmica política complexa e convulsionada, na qual os ideais republicanos enfrentaram obstáculos práticos significativos, com lutas internas, enfrentamentos ideológicos e desafios econômicos e sociais que formariam o arcabouço político do Brasil por décadas.

Termos-chave

Proclamação da República: O ato que marcou o fim da Monarquia e o início da República no Brasil, liderado por militares insatisfeitos com o governo imperial. Constituição de 1891: A primeira constituição republicana do Brasil, que estabelecia um regime presidencialista e federalista, embora com concentração de poderes nas mãos do presidente. Marechal Deodoro da Fonseca: Primeiro presidente da República do Brasil e líder do movimento republicano que depôs Dom Pedro II. Marechal Floriano Peixoto: Segundo presidente do Brasil e sucessor de Deodoro da Fonseca, conhecido por seu governo autoritário e centralizador. Revolução Federalista: Movimento de oposição ao governo central que buscava maior autonomia para os estados e que foi brutalmente reprimido. Revolta da Armada: Movimento liderado por setores da Marinha contra o governo de Floriano Peixoto, refletindo as disputas pelo poder entre as diferentes forças armadas e o governo central. Revolta de Canudos: Confronto entre o Exército Brasileiro e os seguidores de Antônio Conselheiro no nordeste do Brasil, que representava a resistência aos impactos sociais da nova ordem republicana.

Prática

Reflexão sobre o tema

A República das Espadas, como ficou conhecida a fase inicial do Brasil republicano, é cercada por paradoxos. Militares, que em teoria deveriam proteger uma ordem estabelecida, foram os protagonistas da mudança do regime político. Como podemos conciliar o papel dos militares como agentes de mudança no Brasil com a sua função tradicional de defensores da nação? O que os movimentos de oposição e as revoltas nos dizem sobre as tensões sociais e políticas da época? A repressão violenta a tais movimentos foi um elemento necessário para a consolidação do Estado ou um obstáculo para a democracia? Essas perguntas são essenciais para entendermos os desafios de construir uma nação sobre as ruínas de uma ordem política superada e as repercussões desse processo até os dias de hoje.

Exercícios introdutórios

1. Baseando-se na Constituição de 1891, identifique as características federativas e presidencialistas presentes no texto e discuta como elas refletiam as tensões da época.

2. Elabore um pequeno texto argumentativo sobre o papel de Marechal Deodoro da Fonseca e Marechal Floriano Peixoto na fundação da República Brasileira, destacando suas contribuições e contradições.

3. Analise as causas e consequências da Revolta da Armada, considerando o contexto político-militar da República das Espadas.

4. Pesquise sobre a Revolução Federalista e elabore um mapa conceitual que relacione os principais líderes, ideologias e desdobramentos do movimento.

5. Compare e contraste as Revoltas da Armada e de Canudos, discutindo como cada uma refletia os diferentes aspectos das tensões sociais e políticas do Brasil daquela época.

Projetos e Pesquisas

Elabore uma pesquisa detalhada sobre um dos conflitos ocorridos durante a República das Espadas, como a Revolta da Armada, a Revolução Federalista ou a Revolta de Canudos. A pesquisa deve incluir uma análise histórica do contexto, as motivações dos envolvidos, os desenvolvimentos do conflito e suas consequências. Como produto final, crie um documentário em vídeo, utilizando recursos visuais e narrativos para apresentar o tema de maneira didática e envolvente.

Ampliando

Para compreender ainda mais o Brasil Republicano e a República das Espadas, é interessante explorar os temas correlatos que oferecem um panorama mais amplo da época: a política do Encilhamento e seus impactos econômicos, o advento do coronelismo e sua relação com o poder local, e a campanha civilista contra o militarismo no poder. Além disso, é válido entender como a política internacional da época, com a ascensão de novas potências e o imperialismo, influenciava as decisões internas do Brasil. Estudar a produção cultural deste período pode fornecer insights valiosos sobre a mentalidade social e as formas populares de resistência ou adesão aos ideais republicanos.

Conclusão

Conclusões

A fase inicial da República no Brasil, conhecida como República das Espadas, foi marcada por um forte protagonismo militar no processo de substituição do regime monárquico pelo republicano. Este período, que se estendeu de 1889 a 1894, representou um tempo de intensa instabilidade política e social onde as Forças Armadas exerceram papel fundamental na definição dos rumos do país. A proclamação da República, em novembro de 1889, sob a liderança de Marechal Deodoro da Fonseca e consolidada duramente por Marechal Floriano Peixoto, apesar de instaurar um novo modelo de Estado, não se traduziu imediatamente em práticas democráticas e inclusivas, pelo contrário, a repressão a diversos movimentos revelou a dificuldade em lidar com as demandas sociais e a complexa configuração do poder no território nacional. As oligarquias emergentes, beneficiárias do novo regime principalmente com a política dos governadores, não tardariam a assumir o controle do governo federal, marcando o início de uma nova fase da República.

Por outro lado, os conflitos e revoltas que pontuaram os primeiros anos da República, como a Revolta da Armada e a Revolução Federalista, demonstraram a resistência dos diferentes segmentos da sociedade ao centralismo e autoritarismo que caracterizaram o governo Floriano Peixoto. Esses episódios, juntamente com a violenta repressão ao arraigado movimento de Canudos, evidenciam as contradições entre o discurso republicano de liberdade e progresso e a realidade de um regime que iniciou seus dias sob o signo da espada, longe dos princípios federativos e democráticos que supostamente deveriam nortear a nova República.

Conclui-se, portanto, que a República das Espadas foi um período de transição complexa e contraditória, onde as estratégias de poder e controle foram ajustadas para atender aos interesses das elites dominantes, configurando um cenário de autoritarismo e exclusão política que teve profundas implicações no desenvolvimento sócio-político do Brasil. Este capítulo da história brasileira destaca a importância de refletir sobre os desafios de consolidar uma república verdadeiramente democrática e sobre como as relações de poder estabelecidas nesse período influenciam até hoje a dinâmica política do país. As lições da República das Espadas continuam relevantes, pois nos lembram dos perigos de um Estado que, ao invés de garantir direitos e liberdades, serve a uma narrativa de ordem que justifica a supressão da participação popular e a perpetuação de estruturas de desigualdade.

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