Introdução
Relevância do Tema
Estudar o aprofundamento da presença dos Estados Unidos na América Latina no século XIX é crucial para entender os desdobramentos das relações internacionais. Este tema, muitas vezes negligenciado, demonstra o fascinante processo de transformação da América Latina, especialmente quanto à expansão territorial e estabelecimento de governos. Neste sentido, é essencial compreender a influência estadunidense e os efeitos dessa influência na região.
Contextualização
Este tópico se insere dentro do estudo da História Contemporânea, uma vez que o século XIX marcou uma série de mudanças significativas na América Latina. Após as lutas de independência das colônias europeias, havia uma atmosfera de instabilidade política e econômica. Nesse cenário, a influência dos Estados Unidos, uma jovem nação ascendente, torna-se proeminente.
Assim, este tópico serve de introdução para o estudo das consequências da influência externa em processos de independência e formação do Estado na América Latina. Além disso, proporciona a análise contrastante entre os processos de formação dos Estados Unidos e da América Latina, ressaltando a assimetria de forças e interesses presentes.
Desenvolvimento Teórico
Componentes
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Destino Manifesto e Doutrina Monroe - O Destino Manifesto defendia a crença de que os Estados Unidos eram destinados a expandir sua influência sobre o continente americano. Já a Doutrina Monroe afirmava que qualquer intervenção europeia no continente seria vista como uma interferência em assuntos internos e uma potencial ameaça.
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Guerra Mexicano-Americana (1846-1848) - Este conflito resultou na anexação de vastas terras mexicanas pelos Estados Unidos, entre elas, os atuais estados da Califórnia, Utah, Nevada, Novo México, Arizona, Wyoming e partes do Colorado, Kansas, Oklahoma e Texas.
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Intervenções na América Central e no Caribe - Os Estados Unidos intervieram na Nicarágua, Guatemala, República Dominicana, Haiti, Cuba e Panamá, muitas vezes em apoio a governos autoritários e protegendo interesses econômicos.
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Pan-Americanismo e a Conferência de Washington (1889-1890) - A ideia de cooperação e integração entre as nações do continente americano foi promovida nesta conferência, embora tenha sido amplamente dominada pelos interesses dos Estados Unidos.
Termos-Chave
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Imperialismo - Política de expansão e domínio territorial, cultural, econômico e militar de uma nação sobre outras áreas.
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Monroísmo - Termo utilizado para descrever a política externa dos Estados Unidos baseada nos princípios da Doutrina Monroe.
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Intervencionismo - Ação de interferir nos assuntos internos de um país, normalmente com o uso de força.
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Situação de dependência - Condição de um país que, apesar de ser formalmente independente, encontra-se subordinado a outro país ou grupo de países do ponto de vista econômico, político ou militar.
Exemplos e Casos
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Compra da Luisiana (1803) - Os Estados Unidos adquiriram terras da França, estendendo sua influência para o Oeste e iniciando um processo de expansão territorial.
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Caso da Nicarágua - A intervenção dos Estados Unidos na Nicarágua incluiu a ocupação militar (1912-1933) e o apoio ao governo do ditador Anastasio Somoza.
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Caso de Cuba - Os Estados Unidos ocuparam militarmente Cuba entre 1898 e 1902, depois da guerra contra a Espanha, e estabeleceram um governo protetorado que duraria até 1909.
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O Canal do Panamá - O projeto e construção do canal são exemplos da política imperialista dos Estados Unidos, uma vez que o controle do canal garantia a facilitação do comércio e o fortalecimento de sua influência na região.
Resumo Detalhado
Pontos Relevantes
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Doutrina do Destino Manifesto e Doutrina Monroe: Ideologias que orientaram a política externa dos Estados Unidos, demonstram a crença na expansão territorial e na necessidade de proteger a América contra a influência europeia, estabelecendo o "Monroísmo".
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Compra da Luisiana: A aquisição da Luisiana foi um marco na expansão territorial dos Estados Unidos. Esta compra dobrou a área da nação e abriu novas possibilidades de colonização e exploração, representando o início de um movimento de expansão contínuo.
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Guerra contra o México: A Guerra Mexicano-Americana resultou na anexação de um terço do território mexicano pelos Estados Unidos. Isso evidencia o uso da força militar para a expansão territorial e a implementação do "destino manifesto".
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Intervenções na América Central e Caribe: Os Estados Unidos intervenceram em vários países, muitas vezes apoiando governos autoritários para proteger seus próprios interesses econômicos. Isso destaca o papel do intervencionismo e do imperialismo na América Latina no século XIX.
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Pan-Americanismo e a Conferência de Washington: A conferência de Washington foi uma tentativa de promover o pan-americanismo, no entanto, o evento foi fortemente influenciado pelos interesses dos Estados Unidos, reforçando ainda mais sua presença e controle na região.
Conclusões
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A influência dos Estados Unidos na América Latina no século XIX foi ampla e, muitas vezes, impositiva, marcada por intervenções diretas e indiretas e pelo estabelecimento de governos favoráveis a seus interesses.
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Essa influência foi justificada pela doutrina do destino manifesto e pelos princípios da doutrina Monroe, que legitimavam o expansionismo e o intervencionismo dos Estados Unidos.
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O estudo desse período histórico é fundamental para entender não apenas a história dos Estados Unidos, mas também as dinâmicas de poder e as relações internacionais da América Latina até os dias de hoje.
Exercícios
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Discuta a relevância da Doutrina do Destino Manifesto e da Doutrina Monroe na política externa dos Estados Unidos no século XIX.
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Explique como se deu a aquisição da Luisiana pelos Estados Unidos e qual foi seu impacto na expansão territorial do país.
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Analise duas intervenções dos Estados Unidos na América Latina durante o século XIX e explique como elas refletem a política externa dos Estados Unidos na época.