a) Sidarta Ribeiro argumenta que o sonho e a capacidade de sonhar são fundamentais para compatibilizar o passado com o presente e com o futuro quando pensamos em experiência humana. Seria a partir dos mecanismos de sono e sonho que processaríamos as experiências pelas quais vivemos como comunidade e, de forma coletiva, poderíamos pensar em soluções ou cenários diferenciados para o futuro. Para ele, 1. a saúde e a qualidade de vida estão atreladas ao sono e ao sonho; 2. sono e sonho são geradores de cenários e soluções baseados na experiência passada; 3. sonhos coletivos são fundamentais para a construção de futuros melhores; 4. nossos sonhos atuais são termômetros de nosso momento na história humana (individualizada); 5. a não atenção aos sonhos amortece a introspecção e a empatia; 6. sem os sonhos coletivos têm-se também a morte da utopia. b) Para o autor, compartilharmos a possibilidade de dormir. Sonhar (sem mecanismos medicamentosos ou outros artifícios tecnológicos) nos ativaria a possibilidade de engendrar futuros melhores. Sua utopia está centrada nos sonhos partilhados como um resgate da empatia e da possibilidade de vida coletiva. O conceito de utopia ("em lugar algum") foi elaborado por Thomas Morus em 1516, e, entre suas propostas, estava o exercício imaginativo de pensar uma sociedade sem problemas. No mundo contemporâneo - frente às distopias causadas pelos eventos climáticos, injustiça social, fortalecimento das fakes news e inteligência artificial, entre outros, tanto em sociedades tradicionais como nas ocidentais -, sonha-se, por exemplo, com cenários nos quais haja equilíbrio ambiental e justiça social.